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Um Superdotado Por Dia, Nem Sabe o Bem Que Lhe Fazia



“Um superdotado por dia, nem sabe o bem que lhe fazia”... Infelizmente, este parece ser o principal moto da maioria dos pedo-psicológos que se encontram um pouco por aí. Não que pessoalmente duvide da existência de crianças que realmente possuem habilidades e conhecimentos acima da respectiva faixa etária. Mas a verdade é que não é preciso muito (além do cheque charudo a pagar no final do mês), para levar o nosso filho a uma consulta e ficarmos repentinamente maravilhados por saber que temos um filho superior á média!

Torna-se curioso observar o quanto é fashion ir a um evento social qualquer, com familiares ou pais de outras crianças e, entre uma garfada no bife e um golo de vinho, comentar (assim como quem não quer a coisa)que afinal o filho é inteligentissimo! A partir dai não é preciso referir mais nada, com a certeza que no final da festa a história já chegou a todos os ouvidos.

O miúdo, que antes nem recebia assim tanta atenção, vê-se subitamente subterrado de prendas e incentivos. Apesar de se aperceber que existe algo de diferente na reacção das pessoas, também não se esforça muito para aprofundar a questão. Afinal quem ganha neste processo todo é a criança, cheia de mimo... E os pais, com um ar pateticamente esperançados, aguardam o dia que incautamente vão acordar o seu filho e se deparem surpreendidos com o robot da mais alta tecnologia que o rapaz acabou de construir sozinho, a partir de um power ranger, um arena de beyblade e uma almofada ortopédica.

Enquanto isso, o psicólogo lança a sua gargalhada maquiavélica e conta (metaforicamente claro) um maço de notas acabadinhas se chegar. Afinal de contas (relembra ele ao declarar aos pais), ter um filho superdotado envolve muita responsabilidade e é necessário bastante acompanhamento médico para garantir que os preciosos dotes do rapaz são bem empregues...

Curiosamente, este mesmo psicológo não foi capaz de referir aos pais em como o teste de QI que realizou na criança está actualmente obsoleto. Nem abordou a questão dos inventores iniciais do teste de QI terem inicialmente criado o teste para um conjunto de estudantes, tentando determinada uma relação com os resultados da prova e a baixa produtividade escolar, e não como um teste que seja dirigido para uma população em geral (e muito menos a crianças).

Para os pais que desesperam ver os seus filhos a desistir das escola aos 15 anos, para aqueles pais que puxam os cabelos em desespero por não conseguírem impedir que os seus filhos vejam a “geração rebelde”, ou ainda para os pais que colocam tampões nos ouvidos á noite, para não conseguir dormir ao som dos Kizombas provindos do quarto dos filhos, eis o remédio santo: porque não os levam a um psicólogo?

Depressa chegam á conclusão que é um desperdício de inteligência ver o filho a grelhar hamburgers no Mac Donald’s. Afinal, ele apenas não entrou em Medicina por modéstia e para não envergonhar os colegas da turma com notas tão soberbas... Estão professores e auxiliares educativos a torrar os miolos a procurar um melhor sistema educativo que permita mais rendimento escolar aos alunos, quando há quem já tenha encontrado a solução a uma distância tão pequena... a distância de um cheque!

É que afinal, só não é génio quem não quer...

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