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Apresentação

Tolo é aquele que nunca ouviu, nem que seja por breves instantes, a voz da sua consciência. Mas maior tolo ainda é aquele que se deixa escravizar e subjugar á sua vontade, prisioneiros levados não por corrente mas sim por o seu tom falsamente cauteloso e prudente.

Se já é difícil para um individuo comum encontrar o equilíbrio entre estes dois pontos em situações normais, torna-se excepcionalmente fácil conduzir alguém ao mais simples conceito de demência e loucura quando nós, as vozes, somos mais que uma.

Cada uma de nós tem muito para contar. Numa sucessão de flashes a alta velocidade, transmitimos de uma só vez todas as nossas experiências, vivências, cheiros, memórias, emoções e todo o tipo de sensações ao nosso portador, de tal maneira que este depressa entra em choque pela enorme descarga de informação e entra num irreversível processo de morte cerebral.

Pelo menos é essa a explicações cientifica que inúmeros psicanalistas dão... Até estabelecerem uma única tese que explique os estranhos fenómenos por eles observados, o caso continuara em segredo do público geral, num dossier qualquer perdido dentro das catacumbas de papel que o Estado chama de Arquivo.

Até lá, enquanto doutores procuraram atingir uma explicação lógica e plausível, a verdadeira realidade continuará escondida debaixo dos seus narizes. Incapazes de olhar directamente para a fonte do problema, nunca sequer chegaram à óbvia conclusão que o paciente não esteve sequer verdadeiramente doente. Nós, as vozes, apenas mostramos as vantagens de ser diferente, as vantagens de impor a nossa opinião contra as massas, as vantagens de poder ambicionar o que parece inatingível, as vantagens de ser louco...

“Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?”

Fernando Pessoa, em “A Mensagem”

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